O SOFRIMENTO DE MARIA
“Dias se passaram e a única forma que encontrei de sobreviver foi pensar em Juan. O toque delicado de seus lábios sobre o meu corpo estava bem longe da realidade em que eu vivia naquele lugar. Tentei não chorar”.
No carro com Chino eu tentava não encará-lo. Ele igualmente mal me olhava. Havia falado ao celular duas ou três vezes, ria e conversava com o motorista que por muitas vezes desviara seu olhar rapidamente para me checar. Os dois falavam em chinês e a língua deles soava desagradável para mim já que eu não entendia uma palavra e isso os divertia. Engoli seco e limpei minhas lágrimas, sentia uma dor tão forte no estômago que pensei que fosse vomitar. Engoli várias vezes para evitar, pois isso demonstraria muita fraqueza diante deles e era a última coisa que eu precisava naquela hora. Apoiei as mãos no sofá e respirei fundo algumas vezes. Chino me olhou de soslaio e apoiou sua mão no ombro do motorista num gesto quase certo para que ele parasse o carro, pois foi exatamente o que aconteceu em seguida.
Quando o carro parou, o motorista abandonou seu sorriso, levantou de seu assento, abriu a porta do meu lado, e me puxou para fora do veículo com total descaso enquanto eu suplicava tentando me defender. Ele me empurrou contra a porta batendo minhas costas com tamanha força que senti que havia sido descadeirada. O motorista sentado não me pareceu nem tão alto e nem tão forte como estava agora diante de mim.
_ Por favor. Não faz isso! - Eu pedia balançando a cabeça. E sem pena, ele fechou o punho e jogou-o contra o meu rosto com tanta força que bambeei escorregando pela porta do carro. Levei a mão no rosto, e imediatamente ele pressionou seu corpo contra o meu me mantendo de pé. Minha cabeça caiu como se eu estivesse perdendo os sentidos e ele me segurou pelo rosto me fazendo encará-lo. Em seguida alcançou em seu bolso esquerdo um saquinho com uma droga qualquer e derramou seu conteúdo todo em minha boca. Comecei a tossir engasgando, mas ele apertou a mão direita sobre os meus lábios para que eu não cuspisse desperdiçando seu pó. Pegou em seu casaco uma garrafa bem pequena e retirou a mão rapidamente apenas para derramar o líquido sobre o pó em minha boca. O gosto daquele negócio era nojento e forte. Quase vomitei. Sem demoras, ele colocou suas mãos novamente sobre minha boca e fui obrigada a engolir. Depois de concluir sua proeza, ele me largou e não consegui me manter de pé, caí de joelhos em sua frente. Sem paciência ele me ergueu e me jogou dentro do carro novamente. Chino me olhou de cima a baixo e riu com certo desdém e um ar de superioridade. Eu estava tão fora de mim que já não me importava com nada.
Não sei quanto tempo fizemos de viagem. Este estava tão relativo que senti que passara dias. Eu estava tão fora de mim que não fazia diferença quanto tempo era. Deitei-me no banco extremamente cansada, porém me esforçava para não adormecer. Não demorou para Chino meter suas mãos entre as minhas pernas. E eu sem força para reagir fiquei paralisada. Ele se aproximou bastante quase que colando seu rosto no meu e balbuciou algo que eu não entendi. Para mim seus lábios se moviam apenas sem emitir som algum. Me beijou com seu hálito de bebida e deitou seu peso sobre mim. Minha vista apagou na mesma hora.
Acordei acorrentada em um lugar extremamente escuro. Tentei entender o que estava se passando e um barulho constante de água lá fora me assustava. Temi que tivessem me abandonado em algum contêiner no mar e que eu acabaria por morrer de fome. Tentei me soltar em vão, pois além das correntes serem muito fortes, eu estava com as minhas forças esgotadas devido a “droga” que haviam me forçado a tomar. Desisti, e mais uma vez apaguei.
Acordei com o barulho estarrecedor da porta do contêiner se abrindo. A porta era de ferro maciço e extremamente pesada. Quatro homens entraram por ali. Todos se aproximaram e começaram a me soltar como se fizessem isso todos os dias. Rapidamente eu estava livre, mas não tive tempo nem de respirar e dois deles me ergueram pelo braço com bastante facilidade e quase fui arrastada para fora. Ao passar pela porta, a luz do dia feriu meus olhos e tive que fechá-los quase que imediatamente, pois já não enxergava mais nada. Continuaram a me arrastar até chegarmos em frente a um veículo. Presumi que Chino deveria estar lá, porém não estava. Dois homens se sentaram na parte da frente do veículo. Olhei para trás engolindo seco e pude ver que acabávamos de sair de um porto. “Me levaram de navio”, constatei.
_ Onde eu estou? - Perguntei com a voz baixa. E falar em espanhol não ajudou. Ninguém me respondeu.
Os outros dois entraram cada um por uma porta me fazendo ficar no meio. O mais alto me fez virar para ele e segurou minhas mãos colocando algemas. Minha respiração acelerou. Olhei para as algemas na minha mão, completamente transtornada. Algo estava prestes a me acontecer e não seria bom. Levantei os olhos para ele e me atrevi a perguntar novamente:
_ Onde eu estou, por favor?
Agora o mais baixo repetia seu companheiro me fazendo virar para ele. Segurou meu rosto entre suas mãos e forçou minha cabeça em seu colo.
_ Fique abaixada! - Ele falou em espanhol e aquilo de alguma forma me tranquilizou.
Durante todo o tempo com a cabeça no colo daquele homem desconhecido tive vontade de gritar. O cheiro de suas calças usada e sua loção barata me causavam náuseas. Ele me acariciava nos cabelos como se fossemos íntimos. O carro virava de um lado do outro e a viagem novamente seria longa e cansativa. O balançar da poltrona e o meu nervosismo colaboravam para que meu estômago revirasse mais e mais e senti que a qualquer momento eu pudesse vomitar. Mas para meu alívio o carro parou e dessa vez me levantei levemente para tentar enxergar o que estava acontecendo, só que o homem voltou a empurrar minha cabeça e dessa vez sem a gentiliza de outrora:
_ Já disse para ficar abaixada!
Eu obedeci sem questionar. Os três que desceram ficaram lá alguns minutos e as risadas e as palavras que se seguiram me lembraram uma festa. Abriram latas, bateram copos e falaram sem parar. Passado um tempo a conversa cessou e eu ouvi duas batidas na janela e a porta foi aberta quase que imediatamente. Um deles me puxou pelos cabelos me tirando do colo daquele homem e as algemas ajudavam para me deixar sem equilíbrio. Senti os joelhos dobrarem enquanto aquele brutamontes foi me arrastando pelos cabelos até um quarto. A casa era grande, toda feita de madeira e assim que entrei por uma porta de vidro fui empurrada no chão e uma mulher veio até a mim. Ela me ajudou a me levantar e disse algo para o homem que na hora se retirou.
_ Fala espanhol? - Foi minha primeira pergunta e para meu alívio ela fez que sim com a cabeça e completou:
_ Um pouquinho, mas falo! É preciso falar todos os idiomas, ainda que pouco. - Sorriu, mas eu não tinha motivos para retribuir. O sotaque dela era muito forte, mas dava para entendê-la bem.
Ela segurou a algema pela corrente e meteu a mão no bolso para pegar uma chave. Ainda muito aflita comecei a falar:
_ Preciso voltar para casa. Minha família deve estar muito preocupada.
Ela não me olhava nos olhos, enquanto acenava concordando com a cabeça. Ela testava algumas chaves nas minhas algemas enquanto fingia me dar atenção. Ousei prosseguir:
_ Me trouxeram até aqui à força. Me drogaram. Eu estou desesperada. Não sei o que querem, mas não têm o direito.- Chorei.
Olhei para ela e agora ela sorriu como se não tivesse me entendido e prosseguiu acenando com a cabeça. Finalmente a algema se abriu e pude ver que meus pulsos estavam feridos.
_ Você me ouviu? - Eu perguntei esperançosa.
_ Sim. - Ela gesticulou com a cabeça e em seguida deu de ombros. Suspirei cansada e ela prosseguiu: _ Venha! - Ela fez um gesto com a cabeça e eu a segui.
Começamos a subir uma escada que mais parecia ser de um castelo e pude reparar nos lustres, na decoração com quadros antigos, o tapete que estava estendido por todo o corredor. Ela então abriu uma porta e pude ver várias garotas dentro de uma sala. Algumas mal notaram minha presença e permaneceram em suas atividades. Outras cochicharam e me fazendo ficar sem graça.
_ Sou Yani a propósito! - A mulher que me recebera chamou minha atenção. Virei-me para ela e essa estava perto de uma cama. Prosseguiu: _ Aqui que você irá dormir. Deite e durma. Em algumas horas uma mulher chamada Olivia virá te buscar.
Balancei a cabeça concordando e quando ela foi saindo, segurei-a pelo braço, impedindo-a. Ela puxou seu braço como se eu fosse doente ou algo assim. Ela não queria que eu a tocasse. Fiquei confusa, mas foquei em lhe falar:
_ Quando irei voltar para a minha casa?
_ Meu amor, eu não sei. Mas a maioria das meninas falam espanhol aqui. Foram todas vendidas por Salim. - ela sorria. _ Converse com elas. Tente se acalmar. - Ela parecia ser uma pessoa boa, mas não conseguia a definir.
Ela saiu e uma garota se aproximou de mim:
_ De onde você é?
_ Madrid. Preciso falar com a minha mãe, com meu pai. Vocês tem telefone?
Alguém soltou uma gargalhada do fundo, olhei atordoada e não pude ver. Uma outra menina se aproximou curiosa:
_ Já não falo com a minha mãe tem 3 anos, querida. Não vai ser hoje que irá conseguir.
_ 3 anos? - Entrei em desespero. _ Eu preciso sair daqui. _ Fui até a porta e a forcei, porém ela estava muito bem trancada. Comecei a esmurrá-la gritando desesperadamente:
_ Eu quero sair daqui! Me tirem daqui! Abram essa porta! Vocês não podem me prender aqui.
As meninas me olhavam curiosas. Algumas entendiam me reação, possivelmente já haviam feito o mesmo, outra riam achando graça.
Yani abriu a porta e entrou com os olhos arregalados:
_ O que está acontecendo aqui?
_ Eu não vou ficar aqui. O que vocês querem de mim? - Tentei passar por ela, mas eu estava muito fraca, privada de sono durante horas e sob o efeito da droga ainda, ela me conteve com facilidade.
Ela olhou para as outras e me guiou até minha cama novamente:
_ Sente-se! - pediu.
_ Eu não vou me sentar, eu quero sair daqui. - eu chorava feito criança.
_ Sente-se, eu estou mandando. - fez um olhar de raiva e me intimidei. Me sentei contra a minha vontade.
_ Chino é seu mestre agora. Ele é seu dono. Salim te vendeu para ele.
Arregalei os olhos enquanto ela falava e logo que terminou desatei a chorar, minha voz raspava na garganta tamanho desespero:
_ Eu não posso ficar aqui. Minha família virá atrás de mim.
_ Todas nós temos família… algumas de nós até filhos. Salim nos pegou e quando cansou nos vendeu. E aqui estamos. E precisamos aceitar nossos destinos agora.
Balancei a cabeça:
_ Eu não preciso aceitar nada. - as lágrimas escorriam sem parar.
_ Chega, Maria! - Yani perdeu a paciência. _ Hoje Chino irá te ver, por favor, a melhor coisa que pode fazer é deixá-lo se satisfazer e em seguida você se lava, se limpa, e esqueça o que passou e então durma para que depois comece um outro dia. - sorriu. _Não lute contra isso, vai ser pior para você.
Eu a olhava sem acreditar. Aquela mulher queria que eu me entregasse a um homem nojento daqueles, e simplesmente depois me lavasse. Ela era louca.
_ Deite e descanse, em breve Olivia estará aqui.
Ela saiu e eu me mantive sentada o tempo todo. Observava as garotas que sorriam, brincavam. “Será que eu ficaria assim também?”. E então o tempo voou. Olivia entrou pela porta e chamou meu nome:
_ Maria!
Eu me levantei timidamente e a segui.
Ela refez o caminho que Yani havia feito comigo e então me levou até um banheiro. Lá havia duas mulheres vestidas de branco. Elas me despiram por completo, me tapei como se fosse possível esconder alguma coisa com as mãos e então entrei em uma banheira quando me ordenaram.
_ Limpe-se! - Olivia falou numa só voz.
Comecei a esfregar a espuma no corpo. As duas moças entraram na banheira comigo e começaram a passar suas mãos em meu corpo e me levaram por completo. Depois de um tempo me ajudaram a sair e me enxugaram. Passaram algumas loções em meu corpo e em seguida me vestiram com apenas uma camisola com detalhes indianos. Era uma camisola muito aberta que era quase transparente e me deixava seminua. Ela me guiou dessa forma pelos corredores e atravessamos um imenso salão onde alguns homens bebiam, eles não pararam para me olhar, acho que uma garota passando pelo salão semi-nua já era algo corriqueiro para eles. Ela então me fez entrar em uma grande sala que mais parecia um consultório e uma mulher com jaleco me cumprimentou sorridente:
_ Sou Dr. Alessandra. Você é Maria, certo?
Fiz que sim a cabeça. Ela prosseguiu:
_ Sente-se aqui, Maria! - Ela me apontou uma maca que estava preparada e em seguida vestiu algumas luvas. Apoiou minhas pernas em dois apoios para exames ginecológicos e começou a me examinar. Em seguida tirou as luvas e pediu que eu me levantasse. Muito sem graça, eu me levantei e me sentei na frente dela.
_ Você está ótima. Não tem doença alguma. Isso é muito bom. - Ela sorriu enquanto fazia algumas anotações. Novamente se ergueu: _ Apóia seu braço aqui. - Ela colocou um suporte em minha frente. Eu coloquei o braço sobre o suporte. Depois de arrumar uma injeção e alguns frascos, ela me espetou e tirou algumas amostras do meu sangue: _ Pronto! - Ela olhou para Olivia e disse: _ Assim que saírem os exames, eu enviarei a Chino.
Olivia me pegou pelo braço e novamente me conduziu aos meus aposentos. Dessa vez me encostei em minha cama e acho que adormeci, pois tive que ser acordada por Olivia que veio me buscar toda sorridente:
_ Venha! - Me deu um largo sorriso, eu não retribuí. Dessa vez, ela desceu as escadas comigo e fui conduzida até um quarto com alguns vestidos e muita maquiagem. Haviam mais 3 mulheres lá, só esperando que eu me sentasse para começarem. Assim que Olivia me colocou na cadeira com total descaso, elas começaram a me manipular. Penteavam meus cabelos, me passavam rouge, batom, lápis de olho. Na verdade eram bem profissionais. Me produziram como se fosse para uma revista. Em menos de 1 hora eu estava pronta.
_ Está linda! - Olivia falou. _ Chino terá um deleite. - Sorriu.
Engoli seco e pensei em dizer algo, mas antes que eu o fizesse, ela me agarrou pelo braço novamente e me conduziu pelo caminho de volta, só que dessa vez, ela parou em frente a uma porta de cor diferente das outras de todo o casarão. A porta tinha cor de ouro e era muito grande e cheia de detalhes. Fiquei olhando para aquela porta com espanto, ela me segurou pelo rosto com raiva, me fazendo encará-la:
_ Faça tudo que ele pedir. Torça para que ele não se canse de você rapidamente.
Fechei os olhos respirando fundo, minha respiração acelerou, eu estava prestes a virar prostituta daquele homem, e milagre algum parecia prestes a acontecer para evitar aquilo. Meu estômago revirou e fui empurrada porta adentro e dei de cara com Chino sobre a cama, envolto em um robe de banho enquanto fumava e bebia. Só parou rapidamente me estudando de cima a baixo:
_ É linda demais! - Ele quase babou. _ Venha, aproxime-se!
Eu fui até ele enquanto me sentia dando passos para trás, eu queria fugir, no entanto ia em direção a quem queria me fazer mal.
_ Sente-se aqui. - Ele bateu as mãos cheias de anéis sobre um pedaço da cama e eu me sentei. No mesmo instante ele se levantou e ficou atrás de mim. Colocou uma das mãos em meu pescoço e começou a me beijar nessa região. _ Que linda que você é. - Fiz uma careta. Ele colocou a mão entre as minhas pernas e tocou meu sexo tentando me excitar, me levantei querendo me livrar daquele martírio.
_ Por favor, não me obrigue a fazer isso.
_ Você dormiu com Salim. Já foi a putinha dele. Porque não pode ser minha puta?
_ Não fale assim comigo, por favor. - Mexi os ombros extremamente incomodada.
_ Ah, quer que eu te chame de princesa? - Ele se levantou e se aproximou. _ Minha princesa… - Ele me acertou um tapa com tanta força que meu rosto virou. Tentei passar pela porta, mas ele colocou a mão pesada na frente e empurrou seu corpo sobre o meu: _ Vai à algum lugar, princesa? - Ele colocou sua língua em minha boca e eu chorei me virando para o lado. Ele me agarrou pelo braço e me puxou para perto da cama e então me empurrou com as duas mãos me fazendo cair sobre o colchão. Em seguida subiu sobre mim e continuou me beijando. Eu virava meu braço para todos os lados, tentando me soltar, e gemia demonstrando meu desespero. Ele segurou meus cabelos para trás e puxou várias vezes falando: _ Fica quieta, sua puta!
Ele levantou minha camisola e abriu minhas pernas. Se colocou no meio delas e o senti segurando seu membro nas mãos.
_ Não! - Eu implorei. _ Não! - E agora usei toda a minha força e consegui o empurrar. Ele se ergueu com raiva e me puxou pelo braço me fazendo levantar. Eu arrumei a camisola sobre o meu corpo e não vi quando o punho dele atingiu pesadamente meu estômago e eu perdi o ar. Ele foi até a porta e gritou:
_ Olivia! Olivia! - Essa apareceu quase que no mesmo instante.
_ Sim, meu senhor. - Ela olhou para mim debruçada sobre meu corpo, ajoelhada no chão. Eu a olhava quase sem ar devido ao murro que havia levado, e implorava por misericórdia enquanto as lágrimas escorriam.
_ Essa puta não faz o que eu peço. Ela simplesmente não faz o que eu peço. - Ele estava irritado. _ Você não conversou com ela? Não explicou tudo?
_ Sim, meu senhor. Ela parecia ter aceitado. - Ela me lançou um olhar desaprovador.
_ Mas então ela não aceitou. Trás outra e faz alguma coisa para que essa faça o que eu peço.
_ Com licença senhor. - Ela entrou.
Ele deu passagem para ela e ela foi até a mim. Me ajudou a me levantar, e dessa vez me lançou um olhar de ódio. Antes de sairmos, ele falou com ela:
_ Entregue-a para Iago. Deixe-o brincar com ela. Quando ela voltar para mim, vai implorar que eu a aceite. - Cuspiu perto de mim.
_ Sim, senhor.
Ela me conduziu com bastante raiva pelo casarão, enquanto falava:
_ Eu te disse para obedecê-lo, mas você quer dar uma de inocente. Problema seu! - Falou quase que gritando na minha cara. _ Agora vai ser pior, você vai ver!
_ Para onde está me levando? - Eu perguntei enquanto ela me puxava pela roupa quase que me arrastando pelos corredores.
Ela parou com raiva:
_ Quer mesmo saber? - Fiz que “sim” com a cabeça, as lágrimas ainda escorriam. _ Ele me mandou lhe entregar para o irmão dele.
_ Quem é? - Falei quase que anestesiada pelo trauma que eu havia passado.
Ela balançou a cabeça com certa compaixão por mim, e completou:
_ Por favor, faça tudo que esse te pedir. Não discuta, não chore, não reclame. Por favor eu lhe peço. - Abaixei a cabeça, vencida e ela prosseguiu: _ Entre lá, sorria, beije-o e depois se entregue, como você fez com Salim. Lembra?
Fiz que “sim” com a cabeça. Ela então me conduziu até os aposentos de Iago. Eu entrei pela porta e Iago acabava de sair do banheiro enxugando o rosto. Olivia começou a falar:
_ Meu senhor, seu irmão lhe enviou essa para que você a eduque.
Ele se aproximou rindo:
_ É muito linda. O que você fez, sua safada? - Ele riu. _ Para meu irmão te enviar para mim tão rápido assim, só pode ter feito algo muito ruim. - Gargalhou.
Eu fiquei sem reação, e na hora recebi um tapa no rosto.
_ Porque não responde, sua puta?
_ Desculpe. - Eu falei com muito medo, sem olhá-lo nos olhos.
_ Pode sair, Olivia! - Ele disse calmamente.
Ela deixou os aposentos fechando as portas. Quando ouvi a porta se fechando era como se tivesse sido deixado E ele então me rodeou, me estudando:
_ Deita na cama, levanta a camisola e abre bem as pernas.
Hesitei por um instante. E ele completou:
_ Se eu fizer isso por você, acredite, você não vai andar durante dias.
Andei até a cama lentamente e me sentei. Ele então repetiu:
_ Levante a camisola e abra bem as pernas. Se eu tiver que repetir, não vai ser legal para você.
Tentei retrucar, porém a expressão dele me dava medo, me deitei de uma só vez enquanto puxei a camisola e em seguida abri as pernas. A camisola ainda escondia meu sexo. Ele arriou a calça e afastou a camisa. Sua barriga caía sobre seu membro como um lençol, ele era mais gordo que o irmão. Ele segurou seu sexo entre as mãos e se aproximou de mim. Eu fechei os olhos tentando sair da minha mente. Ele se deitou sobre mim, seu peso me fez perder o ar. Ele então me penetrou de uma só vez e senti como se alguém me penetrasse com um pedaço de ferro. Doía muito e a única coisa que eu pude fazer foi gritar de dor.
_ Isso puta, grita. Mostra que está gostando! - Eu olhei para ele horrorizada, ele entrava e saía, enquanto arfava sobre mim. Não consegui conter meu choro. _ Ai que coisa boa, hein? - Ele permaneceu em seu movimento frenético sem se importar comigo. De repente como se não estivesse satisfeito, acelerou o movimento me machucando ainda mais. Tentei afastá-lo com as mãos, mas ele agarrou as duas com bastante força me machucando, prendeu-as acima da minha cabeça e prosseguiu. Senti minhas pernas ficando dormentes. Ele então saiu de dentro de mim, e eu senti um alívio, como se uma adaga tivesse parado de me atravessar. Mas então ele me virou de costas de uma só vez e me colocou de barriga sobre a cama e com as pernas para fora. Tentei me virar, mas ele me forçou para baixo. Levantou a camisola me expondo novamente e me penetrou por trás. Dessa vez doeu mais ainda. Eu gritava de dor, e isso parecia excitá-lo aindo mais. Ele me violentava cada vez com mais força. Eu chorava, porém não pedia para que ele parasse, eu sabia que ele não pararia. Esperei que o tormento terminasse, mas parecia estar só começando. A dor era intensa. Ele se afastou e foi até a gaveta pegar alguma coisa, e dessa vez tentei levantar, mas não era tão fácil como eu imaginara. Ele logo voltou para cima de mim, depois de passar algum gel sobre seu sexo. Ele agora entrava cada vez mais e com mais força. Meu estômago voltou a revirar, e eu senti um golfo de vômito voltar pela minha boca. Sujei a cama dele. Ele ignorou o fato e prosseguiu me violentando. Eu permanecia trêmula debaixo dele, me concentrando para não sentir tanta dor. Ele enfim gritou gemendo e me soltou. Eu esperei para ver se ele havia terminado, e então me levantei calmamente, arrumei a camisola sobre o meu corpo quase que eu câmera lenta e me sentei na cama, esperando por ele. Ele voltou do banheiro lavando o rosto, da mesma forma quando eu entrei no quarto.
_ Você vomitou na minha cama? - Ele perguntou ameaçador.
_ Eu… - comecei a limpar com meu vestido. _ Me desculpe, eu…
_ Que nojo! - Revirou os olhos. _ Limpe isso daí. - Me jogou a toalha dele.
_ Me desculpe, eu sinto muito. - Limpei tudo da forma que consegui, e novamente fiquei sentada esperando por ele.
_ Vá para seu quarto. Por hoje é só. - Ele riu. _ Ou está querendo mais? - Gargalhou. _ Só amanha, sua puta! Só amanhã.
Levantei com dificuldade. E ao dar alguns passos, minha cabeça girou e fui ao chão.
_ Levanta! - Ele me ergueu e no local onde eu estava uma pequena poça de sangue se formou. _ Espera. - Ele falou impaciente. _ Olivia! Olivia!
_ Senhor. - Ela entrou quase que na hora.
_ Leve-a para a Alessandra. Peça que ela esteja boa amanhã.
_ Sim, senhor.
Dessa vez Olivia teve que quase me arrastar pelos corredores. Das minhas pernas escorriam sangue. Chegamos até o consultório da Dr. Alessandra e Olivia me colocou na maca. Alessandra ficou espantada e as duas se entreolharam. Eu chorava, estava humilhada demais. Alessandra vestiu suas luvas e me examinou novamente. Em seguida chamou Olivia:
_ Ele a machucou muito. Nunca o vi fazer isso com nenhuma das meninas. O que ela fez?
_ Ela não dormiu com Chino e ele mandou eu entregá-la para Iago.
Dr. Alessandra abaixou os olhos. E retornou para a sala. Fez um gesto para que eu me levantasse e eu o fiz. Ela me deu uma injeção, eu ainda chorava muito. Eu tentava enxugar as lágrimas, mas era quase impossível:
_ Ele te machucou muito. Vou pedir para ninguém fazer nada com você durante uns dias pelo menos. Acabei de injetar um remédio para dor e...
Olivia se intrometeu:
_ Obrigada, doutora. - me puxou pelo braço e saiu do consultório.
_ Você não vai ficar alguns dias descansando não. Chino não te trouxe aqui para descansar, garota.
_ A doutora disse... - Eu tentei argumentar.
_ Não é ela quem decide! - Ela falou de uma só vez. _ Ele pediu para te ver hoje. - Ela foi saindo, mas eu a segurei pelo braço, impedindo-a:
_Não. - Gemi com muito medo. _ Você não viu o que ela disse?
_ Sim. Eu ouvi. Lave-se e apronte-se. Daqui umas horas irei te buscar.
No banheiro demorei um tempo para verificar o quanto eu havia sido ferida. O sangue escorria, mas depois de um tempo já havia parado, mas ainda doía muito. No armário do banheiro tinha diversos analgésicos, tomei alguns na esperança que a dor passasse mas essa estava se alastrando pelo meu abdômen. Mal me deitei na cama e Olivia apareceu:
_ Vem, ele quer te ver!
Levantei-me ainda com muita dificuldade e fui até ela. Os cabelos ainda estavam molhados e minha cara vermelha de tanto chorar. Olivia me olhou com raiva:
_ Não adianta ficar fazendo drama, chorando. Você não entende? - Me segurou pelo rosto com raiva. _ Eu posso ter pena de você, mas o que eu posso fazer? Nada! Eu não posso fazer nada. - Deu de ombros. _ Se quiser que ele não te machuque mais, é muito simples: obedeça.
Fiz uma expressão de raiva e enxuguei as lágrimas num suspiro. Ela me entregou uma nova camisola, essa exibia mais ainda meu corpo:
_ Toma, veste isso!
Olhei para os lados e as outras garotas tentavam não prestar atenção em mim. Tirei a camisa e coloquei entre as minhas pernas e joguei a camisola por cima. Em seguida desabotoei a calça e puxei pelas pernas ficando apenas de calcinha por baixo.
_ Tira isso também! - Ela apontou para a calcinha.
Eu a obedeci com certa hesitação e entreguei na mão estendida dela.
_ Agora vem! - Ela me pegou pela mão como de costume e me arrastou pelo caminho que agora já me pareceu familiar. Páramos em frente da imensa porta dourada, e ela suspirou, arrumando meus cabelos:
_ Não faz essa cara de morta viva não! E não chore, não reclame, por favor. - Ela revirava os olhos impaciente. Eu abaixei a cabeça. _ Bebe isso! - me entregou uma pequena garrafa de bebida.
Eu balancei a cabeça numa negativa, ela deu de ombros:
_ Faça como quiser. - Ela deu um gole na bebida e a guardou dentro do bolso. _ Mas por favor, mantenha a calma e obedeça.
Ela abriu a porta e me empurrou para dentro. Chino estava completamente nu agora. Havia velas por todo o quarto.
_ Tira essa roupa, sua puta! E venha até aqui.
Puxei uma das alças pelo ombro e em seguida puxei a outra, e deixei a camisola escorrer pelo meu corpo. Nessa hora fiquei completamente nua em frente à ele, e fechei os olhos.
_ Agora venha até aqui e sente-se do meu lado. - Sorriu. _Sua vagabunda! - Ele balançou a cabeça como se estivesse incrédulo por eu tê-lo recusado anteriormente.
Me sentei do lado dele que na hora pegou a minha mão e colocou sobre o seu sexo. Eu senti uma repulsa, uma vontade de puxar a minha mão, porém fechei os olhos e movimentei minha mão para lhe dar prazer, como Olivia havia me instruído.
_ Isso sua puta, vai! Vai, me faz gozar. - Ele pegou nos meus seios com força.
Eu continuava a fazer aquilo quase que num movimento descontrolado, minha mão já fazia sozinha. Respirei fundo. Ele me fez deitar sobre alguns travesseiros. Em seguida se aproximou arfando. Segurou minhas pernas para cima e me penetrou.
Minhas mãos tremiam, eu queria chorar. Ele me segurou pela cintura, na intenção de facilitar para ele. Começou o movimento de vai e vem com bastante força, eu gritei de dor, mas na hora paralisei com medo da reação dele. Ele erguia seu corpo o levantando bastante para retornar com muita força sobre mim. Isso fazia o sentir bastante prazer. Ele tinha a boca entreaberta, e arfava. Ele suava muito e mordia os lábios. Eu o observava com vontade de matá-lo, porém a dor já não me permitia pensar muito, apenas me concentrar para tentar aliviá-la um pouco. Eu tive que manter minhas mãos sobre seu peito para evitar que me ferisse mais ainda. Ele me segurou pelo rosto enquanto continuava:
_ Vai, se mexe! - Ele pediu. _ Se mexe, puta!
Eu não obedeci.
_ Mexe! - Ele me deu um tapa no rosto. Em seguida deu outro e outro: _ Mexe, sua puta! Sua nojenta, sorte sua eu ainda querer te fuder. Caso contrário era para você estar jogada em algum bordel ou então morta. _ Me deu um outro tapa no rosto e dessa vez meu lábio se rompeu. Eu comecei a chorar, porém sem dizer nada. De repente ele começou a tremer sobre mim e gozou. Se jogou sobre os travesseiros que eu estava deitada, e começou a me beijar. Eu aceitei parada, era como se eu estivesse morta. Não reagia, nem lutava. Ele me abriu as pernas e entrou novamente dessa vez usando mais força, senti que me machucava mais. Pensei comigo mesmo que ele não iria parar. Aquele homem nojento iria fazer aquilo até me matar. Virei o rosto para não encará-lo, mortificado de prazer, mas ele me segurou com força virando minha cara para que eu o encarasse. Eu fiz força com raiva e consegui virar meu rosto novamente, e dessa vez, ele foi impiedoso: virou meu rosto com uma mão e com a outra me socou bem forte causando um sangramento violento em meu nariz. Tentei levar a mão no rosto para verificar o sangue, mas ele a alcançou antes mantendo-a sobre minha cabeça e conseguiu segurar minhas duas mãos com apenas uma de suas. Eu não tinha forças para lutar contra ele. Me senti fraca por causa do soco e chorei em desespero, engolia lágrimas e sangue na boca. Ele continuava a me violentar, sem se preocupar com meu sangramento. Olivia entrou pela porta, e fiquei atordoada, pois ele não parou:
_ Senhor! - Ela o chamou.
_ Fale. - Ele pediu enquanto continuava sem pudor algum. Eu virei o rosto envergonhada e humilhada. Como ele podia prosseguir com alguém no quarto? Eu queria morrer.
_ Sua mulher quer saber se você vai buscar o Yuri no colégio.
Para Olivia aquilo parecia comum. Algo corriqueiro. Entrar durante as relações sexuais daquele homem, mas sem interrompê-lo.
_ Vou sim, já estou terminando. - Ele continuava a me violentar. Aquilo era degradante demais.
Olivia fingiu não me ver, porém estava espantada com a quantidade de sangue escorrendo do meu nariz. Acho que ela estava acostumada com os atos sexuais dele, porém não com tanta violência. Ela balançou a cabeça como se me repreendesse por algo que eu tivesse feito de errado, mas eu havia feito tudo exatamente como ela me instruíra, mas ele era um sádico. Ela saiu e ele começou a me beijar, cuspindo em minha boca, e então segurou meus lábios entre seus dentes e me mordeu com força. Eu gritei de dor, e quando ele soltou senti minha boca enchendo do meu sangue. Acho que ele havia descoberto uma nova forma de se excitar, pois na hora ele gozou. Colocou o braço sobre o meu rosto para mostrar o total descaso e desdém que ele tinha por mim, e em seguida se jogou para o lado. Eu puxei o lençol sobre o meu corpo, trêmula de dor e de ódio. O que eu havia me segurado para não sentir durante todo o ato voltava agora como um sentimento acumulado de anos. Tremi e comecei a chorar bem alto, sem conseguir me controlar. Olhei para ele horrorizada, mas ele apenas alcançou um tubo ao lado de sua cama e depois de jogar uma pedrinha na ponta, ele queimou com isqueiro e cheirou. Era crack. Ele segurou meu rosto com força e me obrigou a cheirar também. A essa hora já não conseguia lutar muito. Tossi um pouco e ele riu. De repente o teto dobrou sobre a minha cabeça. Várias luzes flutuaram na minha frente. Passei a mão tentando tocar em uma delas, mas não consegui. Minha mão se transformou em névoa, e eu achei graça daquilo. Passei a mão na testa, já completamente confusa. Desmaiei.
Acordei de manhã e reparei que minhas mãos estavam algemadas em uma cama. Tentei me levantar, mas na posição que me colocaram era impossível.
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