Emma entrou pelo celeiro de Dillan. Puxava ao seu lado sua câmera de oxigênio e como sua respiração a cada dia estava pior, num dia tão frio como aquele parecia que era impossível respirar. Levantou uma cadeira que estava atirada ao chão, andou mais um pouco e passou seus dedos sobre um pouco da poeira que estava sobre a mesa. Já com a cadeira levantada sentou-se por alguns minutos para respirar. Olhou ao seu redor e tudo estava muito sujo. Como era de seu feitio pensou em limpar, mas o seu cansaço excessivo não a permitiria exercitar tanto. Mas como era uma garota muito forte e não gostava de ser tachada como fraca, respirou fundo pôs-se de pé e logo apanhou alguns documentos espalhados bem à sua frente. Apesar da escuridão pôde ver que no meio à toda aquela papelada havia uma foto bem pequena de duas crianças. A semelhança da garota com Norma não deixava dúvidas de que ela era a menina da foto, e como ao seu lado tinha um garoto com feições parecidas, presumiu rapidamente que se tratava de Caleb. Sorriu delicadamente e em seguida juntou tudo voltando a arrumar. Chegou perto de uma mesa e era lá que se concentrava a maior parte da bagunça. Pegou algumas das ferramentas jogadas sobre a mesa e colocou dentro de uma caixa, jogou fora algumas embalagens de pizza que já deviam estar sendo amontoadas há semanas devido ao cheiro de comida podre. Passou um lenço úmido sobre a mesa para retirar o restante da sujeira. Virou-se assustada com o barulho da porta que se abrira naquele exato momento e Caleb entrou em seguida.
_ O que está fazendo aqui? - Ele perguntou com seu jeito desconfiado de sempre.
Emma ficou sem graça por estar onde não devia e ainda por cima revirando todas as coisas, e respondeu com um sorriso amarelo no rosto:
_ Me desculpe por entrar assim. Eu vim ver o Dylan. Preciso muito falar com ele.
_ Ele não está. - respondeu rapidamente. Fitou-a de cima a baixo desconsertando-a. _ Mas se quiser esperar. - Apertou os lábios num tique nervoso.
_ Não, eu não posso. Tenho que voltar ao Motel. - Ela sorriu. _ Mas obrigada. - Tentou ser o mais sociável que pudesse. Emma não gostava muito de Caleb. Depois que ficara sabendo das coisas que ele havia feito à Norma, essa raiva que sentia por ele havia aumentado. Ele era o pai de Dylan, até que seria bom cultivar alguma simpatia por ele, mas era quase impossível. Havia visto todas as coisas boas que ele havia feito para o filho, mas isso não a convencia de que havia mudado. Depois de um breve silêncio entre eles, ela fez menção de deixar o local, mas Caleb a impediu falando:
_ Você sabe qual é o problema do Norman?
Emma o olhou fixamente tentando entender:
_ Problema? Porque você acha que o Norman tem algum problema?
_ O garoto tem um olhar estranho. - Pensou um pouco. _ Ele me parece perigoso para a Norma. Tenho medo de que ele faça algo com ela… ou com Dylan.
Emma riu incrédula. Pensou em dizer algo, mas dissuadiu-se da ideia. Caleb insistiu antes que ela deixasse o local:
_ Acha que eu deveria me preocupar?
Ela parou voltando para ele.
_ Norman nunca faria mal algum a Norma. - seu tom era ameaçador.
_ Eu não tenho tanta certeza. -Ele colocou as mãos no bolso como se não levasse a sério o que ela dizia.
_ É mais do que podemos dizer de algumas pessoas.
_ Você está falando de mim.
_ Serviu-lhe perfeitamente, hein?
Ela já ia saindo e ele a agarrou pelo pulso.
_ Olha aqui, garota… - Ele a fez se aproximar dele.
_ Me solta! - Ela pediu tentando fazer com que ele a soltasse, porém ele não obedeceu.
_ Você está se achando muito esperta, hein? Acha que eu não conheço o seu tipo.
_ Meu tipo? Eu não preciso ouvir isso. Me larga. - Ela novamente tentou se soltar, porém ele não largou.
_ Sim. Você faz o Norma de boba e na verdade fica louquinha para fuder com o Dylan.
_ Me solta! - Ela fez uma força descomunal e conseguiu com que ele a soltasse, porém começou a tossir um pouco, havia excedido um pouco da capacidade já limitada de seu pulmão.
_ Quem você pensa que é para vir aqui e me julgar? - Ele se aproximava dela ameaçador.
Emma tossia muito e colocava a mão na frente para que ele não tentasse nada, pois ela não estava conseguindo respirar. Ele continuava se aproximando na tentativa de intimidá-la. Emma controlou sua tosse:
_ Por favor, eu vou embora. Não estou me sentindo muito bem.
_ Não vai não. Você vem aqui com seu “arzinho” de superior. Com o nariz empinado apontando o dedo para mim dentro da minha casa.
_ A fazenda é do Dylan.
Ele riu desdenhoso:
_ “A fazenda é do Dylan”. “A fazenda é do Dylan”. - repetiu a frase dela como se a estudasse. Emma ficou temerosa esperando alguma reação dele para que pudesse se defender, mas Caleb começou a gargalhar, e voltou a repetir a frase:
_ “A fazenda é do Dylan”. Você tem razão. A fazenda é do Dylan.
Emma respirou fundo baixando a guarda.
_ Então eu vou embora e… - Mal conseguiu terminar a frase e Caleb acertou um soco bem no meio do estômago. Emma começou a tossir muito e logo debruçou vomitando no chão. Ela tentava respirar, porém estava impossível. Começou a se desesperar. Abriu um pouco mais sua bomba de oxigênio, mas era inútil. Tentou dar alguns passos, mas suas pernas não acompanharam e ela caiu no chão completamente indefesa. Caleb se aproximou observando-a de cima enquanto ela jogada no chão tentava se erguer. Ele colocou o pé sobre a barriga dela, causando-lhe mais falta de ar. Emma estava desesperada. Tentou retirar o pé dele de cima dela, porém suas forças já estavam esgotadas. Quando tinha uma crise, essa roubava qualquer força que ela tinha. Caleb retirou o pé e agachou perto dela. Ele lhe perguntava algumas coisas, mas Emma já não ouvia nada. Pensava que iria morrer. Pediu baixinho por ajuda, porém Caleb a atitude dele foi lhe dar um tapa no rosto.
_ E agora? Quão superior você é?
Emma continua escutando muito pouco e balbuciava:
_ Me ajuda, por favor. - Começou a chorar desesperada. A careta de dor que ela fazia não o comovia.
Novamente ele a acertou, mas dessa vez lhe deu um soco que lhe tirou sangue dos lábios. Emma se recompôs do soco que recebeu e se ergueu cuspindo um pouco para não deixar o sangue entrar pelo nariz. Se isso acontecesse ela poderia morrer.
_ Então, me diz, você é tão melhor assim do que eu? - Ria. _É? - Gritou. Emma não conseguiu responder e Caleb lhe acertou novamente e dessa vez seu nariz começava a sangrar. Ela se desesperou e começou a gritar.
_ Cala sua boca! Se não vou retirar seu aparelho. Quer que eu faça isso? Quer?
_ Não, por favor não. - Ela implorava chorando.
_ OK, então fique bem quietinha.
Ela fez que sim com a cabeça.
Caleb se abaixou mais um pouco e começou a abrir a blusa de Emma. Ela não reagiu, apenas chorava.
Comments[ 0 ]
Postar um comentário